Thursday, January 25, 2007

O Fogo



Dou-te as nuas pontas do meu corpo.
Num gesto distenso a percorrer,
O frio que em mim absorvo,
E se entrega ao teu fugaz prazer.

Dás-me um efémero momento.
No teu cego olhar fulgente.
Cantas um crepitante soneto.
O meu teu corpo consente.

Quisera eu que fosse eterna.
A tua chama sagaz.
Infinita doce e terna.
De se apagar incapaz.

A minha chama desmaia.
A vida é um simples resumo.
Toda a força se esvaia
Em cinzas e fumo.

Friday, January 19, 2007

EM BUSCA DA PAZ

Quando se consente,
assim não se faz,
já nada se sente,
nada satisfaz.
Solitariamente,
em busca da paz
um passo à frente,
dela sempre atrás.

Tuesday, January 16, 2007

FAZER NADA E NADA FAZER



Não me apetece fazer nada. Apetece-me olhar o horizonte perdendo-me por entre a imensidão de montanhas que se fundem com o céu, lá ao fundo.
Mas isso é a mesma coisa que não fazer nada, ou talvez não.
Gosto de pensar, e talvez o tempo tenha sido escasso para o fazer, tão ocupada ando com as coisas do dia-a-dia. Por isso talvez sinta esta necessidade de parar, para pensar reflectir. É preciso fazer essa reflexão de vez em quando. É que a vida vai mudando, no calendário e no tempo. Nós temos que acompanhar esse tempo. Pensar faz parte da nossa passagem por esta vida. O problema é que nem sempre pensamos como deviamos pensar.
Há montes de coisas, tralhas na nossa vida, que deviam ser arrumadas. Por muito que tente separar ou arrumar as coisas, nunca consigo fazê-lo até ao fim. E volta a ficar sempre montes de "coisas" por arrumar.
Sou assim, uma pessoa que não consegue arrumar tudo aquilo que está desordenado. Se calhar por preguiça, ou comodidade, ou por conformismo... sei lá!
É a confusão da minha cabeça!
E tudo isto por pensar que afinal, hoje, como em tantos outros dias, não me apetece fazer nada. Nada. Quando me sinto assim, sinto que a minha vida está vazia, sem vontade de mexer ou arrumar o que quer que seja que faz parte de mim e dela.

Monday, January 08, 2007

Pensamento...






O conformismo retrai os nossos desejos!

Thursday, January 04, 2007

A Minha Voz





Da minha alma,
Sai um grito inquieto.
Nem tu que me amas,
escutas.
Estás longe demais!
A minha voz é
monofonia de mim.
Não tem timbre,
não tem força,
demasiado veloz,
a minha voz.

Wednesday, January 03, 2007

Sentimentos...


Uma peça por estrear.
O enfeite de um colar.
Um olhar no espelho
Leve toque no cabelo.

Mas o espelho não via.
Que a alma esmorecia.
Reflectia ao meu olhar,
Um vazio em teu lugar.

Quando estiver contigo.
Fica o espelho esquecido.
Dispensarei o colar,
e a peça por estrear.

Conflitos


Vivo num conflito de gerações.
A diferença de idades entre mim e a minha mãe é nada mais nada menos que 35 anos, e de mim para a minha filha são 29.
Temos portanto um quadro de três gerações completamente distintas. Isto se considerarmos que a fase mais importante para a aprendizagem e formação mais generalizado do nosso carácter é na adolescência. Não sei se isto corresponde cientificamente à realidade, mas a meu ver, na fase adolescente (entre os 13 e os 18 anos) adquirimos conhecimentos a todos níveis, e apesar de tantos "porquês" tentamos obter as respostas. O amadurecimento virá depois, dependendo de cada indivíduo.
Isto tudo para dizer, que por muito que eu tente, não consigo ser adolescente a ponto de compreender completamente a minha filha. Tento sempre ter presente a ideia de que ela terá que decidir os passos que quer dar, aconselhando-a muitas vezes, mas nem sempre sei que sou "ouvida", e isto faz-me pensar que eu também já fui como ela, que embora não tivesse a "liberdade" que ela hoje tem, também eu não ouvia os conselhos que a minha mãe me dava. Por muito compreensiva que eu queira ser, muitas vezes passo-me com ela, tentando quando não sou ouvida, falar mais alto. Sei que isto nada adianta, mas eu como mãe preocupada, zango-me com ela por causa de determinadas atitudes pouco maduras, e normais numa tenra idade.
Já com a minha mãe é bem mais complicado. Pessoa que viveu no campo e de adolescente nada entende, porque nova casou e sofreu amarguras demais, tornando-se uma mulher fria com sentimentos doentios de vida infeliz, que não consigo fazer nada para a animar. A compreensão perante a vida no modo dela é sofrer e nada mais que isso. O meu conflito com ela é mesmo esse, recuso-me a sofrer nesta breve vida, e ela recusa-se a ser feliz dos poucos momentos que pode ter. Entre nós as frequentes discussões são mais que muitas por causa da diferença de mentalidades, da diferença de idades, e sobretudo porque para ela eu continuo a ser uma criança que ela viu nascer e criou até certa idade. Nada mais do que isso. Então por todos os meios tenta repreender as minhas atitudes, e critica constantemente o meu modo de ver e viver. Muitas vezes isto só se supera com muita paciência, que eu admito nem sempre tenho. Pena. Tenho pena de não conseguir alegrar um pouco os dias dela, tão cizentos como dias de tempestade.
Muitas vezes penso como serei nao idade dela, mas acho que não serei concerteza uma pessoa tão preocupada com o dia de amanhã, porque o que eu penso do dia de amanhã é que esse não existe.


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