Wednesday, January 03, 2007

Conflitos


Vivo num conflito de gerações.
A diferença de idades entre mim e a minha mãe é nada mais nada menos que 35 anos, e de mim para a minha filha são 29.
Temos portanto um quadro de três gerações completamente distintas. Isto se considerarmos que a fase mais importante para a aprendizagem e formação mais generalizado do nosso carácter é na adolescência. Não sei se isto corresponde cientificamente à realidade, mas a meu ver, na fase adolescente (entre os 13 e os 18 anos) adquirimos conhecimentos a todos níveis, e apesar de tantos "porquês" tentamos obter as respostas. O amadurecimento virá depois, dependendo de cada indivíduo.
Isto tudo para dizer, que por muito que eu tente, não consigo ser adolescente a ponto de compreender completamente a minha filha. Tento sempre ter presente a ideia de que ela terá que decidir os passos que quer dar, aconselhando-a muitas vezes, mas nem sempre sei que sou "ouvida", e isto faz-me pensar que eu também já fui como ela, que embora não tivesse a "liberdade" que ela hoje tem, também eu não ouvia os conselhos que a minha mãe me dava. Por muito compreensiva que eu queira ser, muitas vezes passo-me com ela, tentando quando não sou ouvida, falar mais alto. Sei que isto nada adianta, mas eu como mãe preocupada, zango-me com ela por causa de determinadas atitudes pouco maduras, e normais numa tenra idade.
Já com a minha mãe é bem mais complicado. Pessoa que viveu no campo e de adolescente nada entende, porque nova casou e sofreu amarguras demais, tornando-se uma mulher fria com sentimentos doentios de vida infeliz, que não consigo fazer nada para a animar. A compreensão perante a vida no modo dela é sofrer e nada mais que isso. O meu conflito com ela é mesmo esse, recuso-me a sofrer nesta breve vida, e ela recusa-se a ser feliz dos poucos momentos que pode ter. Entre nós as frequentes discussões são mais que muitas por causa da diferença de mentalidades, da diferença de idades, e sobretudo porque para ela eu continuo a ser uma criança que ela viu nascer e criou até certa idade. Nada mais do que isso. Então por todos os meios tenta repreender as minhas atitudes, e critica constantemente o meu modo de ver e viver. Muitas vezes isto só se supera com muita paciência, que eu admito nem sempre tenho. Pena. Tenho pena de não conseguir alegrar um pouco os dias dela, tão cizentos como dias de tempestade.
Muitas vezes penso como serei nao idade dela, mas acho que não serei concerteza uma pessoa tão preocupada com o dia de amanhã, porque o que eu penso do dia de amanhã é que esse não existe.

1 Comments:

At 5:36 AM, Blogger Nina Owls said...

conflito geracional. Quadro complicado. Já conheço o filme. E os personagens. Apesar de tudo, vejo (na memória sobretudo) no olhar dela o sorriso sem lamúria. Apesar de tudo é no teu que encontro maior a tristeza.
beijo da Nina

 

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